Todo mundo conhece e canta um dos mais belos sambas de enredo do carnaval carioca, graças a uma gravação de Martinho da Vila, de 1975, no disco "Maravilha de Cenário"...até você, meu caro leitor, já está sabendo qual é o samba, certo? Cantarole comigo: "Vejam, esta maravilha de cenário...
Com esta obra-prima, intitulada "Aquarela Brasileira", o meu querido Império Serrano desfilou em 1964 e o autor, tanto da letra como da melodia, chama-se Silas de Oliveira Assunção, que fez inúmeros sambas contando e descrevendo fatos marcantes da História do Brasil, como era a regra dos enredos do carnaval carioca. São de sua autoria também, "Cinco Bailes da Corte", "D. João VI", "Heróis da Liberdade", "Legado de Getúlio Vargas", "61 anos de República", entre tantos de outros.
Mas este mestre do samba também participou de uma página triste da História do Brasil e creio que poucas pessoas sabem. Mas o sambabook está aqui pra lhe contar...
A Segunda Guerra Mundial começou em 1939, com a Alemanha invadindo a Polônia...aos poucos o caldo foi engrossando e os governos dos países se viam compelidos a tomar algum partido. No caso brasileiro, dizem que nosso Presidente Gegê era simpático ao eixo do mal. O fato é que Getúlio Vargas demorou a escolher de que lado ficaria e, parece, que resolveram acelerar esta decisão.
O que registra a oficial história é que somente depois de uns submarinos alemães torpedearem e afundarem alguns navios brasileiros, na própria costa nordeste brasileira, é que entramos na briga. Era já uma exigência da comoção nacional, registravam os jornais de então.
Um destes ataques ocorreu em agosto de 1942, no litoral da Bahia, quando um submarino nazista atingiu o navio Itagiba, que saíra do Rio de Janeiro levando militares integrantes do 7º Grupo de Artilharia de Dorso, sediado no bairro de Campinho, com soldados nascidos e criados, em sua maioria em Cascadura, Madureira, Oswaldo Cruz e Vaz Lobo. Entre estes o nosso Silas de Oliveira, ainda com 25 anos, residente no pé do Morro da Serrinha.
Com o impacto do torpedo, o navio afundou rapidamente, levando ao desespero 161 ocupantes, dos quais 83 sobreviveram, achados em alto mar e recolhidos pelo Iate Aragipe e levados para a cidade baiana de Valença, para os necessários cuidados médicos. Graças a Deus, e para o bem do samba , nosso soldado Silas conseguiu se salvar, atirando-se numa das poucas baleeiras que escaparam dos destroços, já repleta de outros colegas de naufrágio, até ser recolhido pelo tal iate. Somente em dezembro ele retornaria ao Rio, para a tranquilidade de sua família e de sua namorada, Elane, com quem se casaria mais tarde. A ela contou que, durante o naufrágio, tinha bebido muita água, razão de sua internação por tanto tempo.
É de a gente ficar pensando...quanto nós teríamos perdido de sambas maravilhosos caso esta vida tivesse sido interrompida? Quase todos os sambas de Silas de Oliveira que conhecemos foram produzidos depois desta época. Seria menos um artista, que num sonho genial, escolheu o Império Serrano pra fazer seu carnaval.
Para saber mais, sobre este gênio do samba-enredo, faça como eu fiz e leia: "Silas de Oliveira, Do jongo ao samba-enredo", de Marília T. Barbosa da Silva e Arthur L. de Oliveira Filho. Vai lá e lê. Um abraço e até a próxima.
A Segunda Guerra Mundial começou em 1939, com a Alemanha invadindo a Polônia...aos poucos o caldo foi engrossando e os governos dos países se viam compelidos a tomar algum partido. No caso brasileiro, dizem que nosso Presidente Gegê era simpático ao eixo do mal. O fato é que Getúlio Vargas demorou a escolher de que lado ficaria e, parece, que resolveram acelerar esta decisão.
O que registra a oficial história é que somente depois de uns submarinos alemães torpedearem e afundarem alguns navios brasileiros, na própria costa nordeste brasileira, é que entramos na briga. Era já uma exigência da comoção nacional, registravam os jornais de então.
O soldado Silas de Oliveira é o do meio. |
Com o impacto do torpedo, o navio afundou rapidamente, levando ao desespero 161 ocupantes, dos quais 83 sobreviveram, achados em alto mar e recolhidos pelo Iate Aragipe e levados para a cidade baiana de Valença, para os necessários cuidados médicos. Graças a Deus, e para o bem do samba , nosso soldado Silas conseguiu se salvar, atirando-se numa das poucas baleeiras que escaparam dos destroços, já repleta de outros colegas de naufrágio, até ser recolhido pelo tal iate. Somente em dezembro ele retornaria ao Rio, para a tranquilidade de sua família e de sua namorada, Elane, com quem se casaria mais tarde. A ela contou que, durante o naufrágio, tinha bebido muita água, razão de sua internação por tanto tempo.
É de a gente ficar pensando...quanto nós teríamos perdido de sambas maravilhosos caso esta vida tivesse sido interrompida? Quase todos os sambas de Silas de Oliveira que conhecemos foram produzidos depois desta época. Seria menos um artista, que num sonho genial, escolheu o Império Serrano pra fazer seu carnaval.
Para saber mais, sobre este gênio do samba-enredo, faça como eu fiz e leia: "Silas de Oliveira, Do jongo ao samba-enredo", de Marília T. Barbosa da Silva e Arthur L. de Oliveira Filho. Vai lá e lê. Um abraço e até a próxima.