Não tenho lembrança alguma de ter ouvido falar em Chiquinha Gonzaga na minha infância e adolescência. É curioso este fato porque outros expoentes do choro transitavam por meus ouvidos livremente e meu interesse pelo gênero sempre existiu. Os nomes que me eram familiares eram os de Pixinguinha, Ernesto Nazareth, Jacob do Bandolim e Waldir Azevedo. Até conhecia a marchinha "Oh abre alas...", mas não sabia quem era o autor ou autora. Hoje, sabendo que Chiquinha Gonzaga produziu, pelo menos, mais de 1 mil peças musicais, sinto-me motivado a agradecer a sua principal biógrafa, Edinha Diniz, cuja obra, publicada em 1984, gerou uma série de fatos e motivou que diversas pessoas produzissem trabalhos falando de Chiquinha Gonzaga.
Um destes trabalhos e que certamente tornou a nossa personagem mais popular foi produzido pela TV Globo, em 1999. A mini-série "Chiquinha Gonzaga", escrita por Lauro César Muniz e dirigida por Jayme Monjardim fez o maior sucesso e até gerou outro produto: a caixa de DVD, em seis volumes, lançada em 2008. Claro que a mini-série, bem ao jeito da tv brasileira, se preocupou muito mais com a vida diferenciada e de muitas dificuldades da mulher Chiquinha Gonzaga do que com sua vasta e histórica obra. Mas devemos, mesmo assim, louvar a iniciativa da emissora, porquanto tornou nossa maestrina popular.
Depois de publicada a obra de Edinha Diniz, já foram gravados diversos Cds, como os dos pianista Clara Sverner e Antônio Adolfo, totalmente dedicados às peças musicais de Chiquinha Gonzaga. Igualmente foram apresentadas peças de teatro, como "Forrobodó", de Luiz Peixoto e Carlos Bitencourt, musicada por Chiquinha , cuja primeira montagem se deu em 1912, levada ao público carioca em 1995, no Centro Cultural Banco do Brasil, e depois às grandes praças do País, sempre com presenças expressivas de público.
Na minha opinião a contribuição de Chiquinha Gonzaga para formação de uma música caracteristicamente brasileira foi fundamental. Ela pegou exatamente a fase de transição do século XIX pra o XX, quando as transformações ocorridas na cidade do Rio de Janeiro, citadas em outra postagem, permitiram que nossa música fosse forjada. O carioca saía muito às ruas. Ouviam-se muitas polcas, valsas, lundus e outras canções de origem européia, nas confeitarias da Rua do Ouvidor. Lugar onde a nossa Chiquinha tocou muito. Estas peças musicais aqui foram bem mescladas com o batuque e a malemolência dos negros, gerando o choro, o samba e as marchinhas carnavalescas. A maestrina, professora e instrumentista soube bem captar este clima e produzir, como Patápio, Calado e Nazareth, as nossas primeiras melodias bem brasileiras, abrindo caminho para o que veio depois. A primeira marchinha carnavalesca é dela também. "Ô abre alas" que ela compôs em 1899, teve mais tarde, uma gravação bem interessante e que ficou para história do nosso Carnaval.
Percebemos este "abrasileiramento" em muitas músicas de Chiquinha e cada um de nós terá as suas preferências nos exemplos, sem contudo deixar de apreciar todas. A primeira foi "Atraente", em 1877 que teve, numa época sem mídia, 15 edições de sua partitura. É mole uma estreia assim? Depois vieram "Lua Branca", um clássico das serestas; Corta-Jaca (Gaúcho), Bione...epa...esta eu quero que vcs. ouçam e reparem como já tem clima bem carioca e brasileiro o tema.
A extraordinária brasileira ainda arranjou tempo para participar de diversos movimentos de sua época, envolvendo-se, de corpo e alma, com a luta pela Abolição da Escravatura, a Proclamação da nossa República e a defesa do direito autoral, sendo fundadora da SBAT, Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. É pouco o seu legado?
Quem quiser se aprofundar e conhecer mais sobre Chiquinha Gonzaga, tem um bom material a pesquisar. Eu recomendo o livro da Edinha Diniz, "Chiquinha Gonzaga, uma história de vida" e uma visita ao sítio oficial www.chiquinhagonzaga.com , organizado por Wandrei Braga. Vai lá que você vai gostar. Um abraço e até a próxima.
Um destes trabalhos e que certamente tornou a nossa personagem mais popular foi produzido pela TV Globo, em 1999. A mini-série "Chiquinha Gonzaga", escrita por Lauro César Muniz e dirigida por Jayme Monjardim fez o maior sucesso e até gerou outro produto: a caixa de DVD, em seis volumes, lançada em 2008. Claro que a mini-série, bem ao jeito da tv brasileira, se preocupou muito mais com a vida diferenciada e de muitas dificuldades da mulher Chiquinha Gonzaga do que com sua vasta e histórica obra. Mas devemos, mesmo assim, louvar a iniciativa da emissora, porquanto tornou nossa maestrina popular.
Depois de publicada a obra de Edinha Diniz, já foram gravados diversos Cds, como os dos pianista Clara Sverner e Antônio Adolfo, totalmente dedicados às peças musicais de Chiquinha Gonzaga. Igualmente foram apresentadas peças de teatro, como "Forrobodó", de Luiz Peixoto e Carlos Bitencourt, musicada por Chiquinha , cuja primeira montagem se deu em 1912, levada ao público carioca em 1995, no Centro Cultural Banco do Brasil, e depois às grandes praças do País, sempre com presenças expressivas de público.
Na minha opinião a contribuição de Chiquinha Gonzaga para formação de uma música caracteristicamente brasileira foi fundamental. Ela pegou exatamente a fase de transição do século XIX pra o XX, quando as transformações ocorridas na cidade do Rio de Janeiro, citadas em outra postagem, permitiram que nossa música fosse forjada. O carioca saía muito às ruas. Ouviam-se muitas polcas, valsas, lundus e outras canções de origem européia, nas confeitarias da Rua do Ouvidor. Lugar onde a nossa Chiquinha tocou muito. Estas peças musicais aqui foram bem mescladas com o batuque e a malemolência dos negros, gerando o choro, o samba e as marchinhas carnavalescas. A maestrina, professora e instrumentista soube bem captar este clima e produzir, como Patápio, Calado e Nazareth, as nossas primeiras melodias bem brasileiras, abrindo caminho para o que veio depois. A primeira marchinha carnavalesca é dela também. "Ô abre alas" que ela compôs em 1899, teve mais tarde, uma gravação bem interessante e que ficou para história do nosso Carnaval.
Percebemos este "abrasileiramento" em muitas músicas de Chiquinha e cada um de nós terá as suas preferências nos exemplos, sem contudo deixar de apreciar todas. A primeira foi "Atraente", em 1877 que teve, numa época sem mídia, 15 edições de sua partitura. É mole uma estreia assim? Depois vieram "Lua Branca", um clássico das serestas; Corta-Jaca (Gaúcho), Bione...epa...esta eu quero que vcs. ouçam e reparem como já tem clima bem carioca e brasileiro o tema.
A extraordinária brasileira ainda arranjou tempo para participar de diversos movimentos de sua época, envolvendo-se, de corpo e alma, com a luta pela Abolição da Escravatura, a Proclamação da nossa República e a defesa do direito autoral, sendo fundadora da SBAT, Sociedade Brasileira de Autores Teatrais. É pouco o seu legado?
Quem quiser se aprofundar e conhecer mais sobre Chiquinha Gonzaga, tem um bom material a pesquisar. Eu recomendo o livro da Edinha Diniz, "Chiquinha Gonzaga, uma história de vida" e uma visita ao sítio oficial www.chiquinhagonzaga.com , organizado por Wandrei Braga. Vai lá que você vai gostar. Um abraço e até a próxima.
Caldas,
ResponderExcluirMuito legal esses resgates que você faz em seu blog.
Parabéns!!!
Muito grato anônimo amigo(a). Isto é que é um incentivo que não busca reconhecimento.
ExcluirSó vc. sabe quem é você. Volte sempre e um abração.
Parabéns.É muito bom saber que a verdadeira música brasileira está sendo divulgada. Vamos em frente Cláudio.
ResponderExcluirGrato Joel. Disputar divulgação com os "camaros amarelos" não é fácil. Mas tento fazer a minha parte.
ExcluirAbração
Cláudio, excelente postagem. Já era fã dessa maravilhosa mulher....agora, conhecendo um pouco mais, virei fã de carteirinha. Temos que colocar mais músicas dela no repertório. O site da Chiquinha então, fantástico....mais de 300 acervos com a história das músicas e a opção de baixar as partituras gratuitamente....cara, meus parabéns por desvendar essas jóias e compartilhar com os amantes da música....abração, Tani.
ResponderExcluirRapaz ela tem muitas músicas legais...mas me fascinam em especial os maxixes. É o começo de tudo...
ExcluirTani, tenho enorme prazer em ficar dias lendo e pesquisando sobre a nossa boa música. Você captou bem a ideia do blogue: levar as pessoas a ir nos bons livros, nos ótimos sítios como este e beber a água mais límpida e pura do nosso choro e do nosso samba.
Grato pela visita e por seguir o blogue. É uma honra tê-lo como seguidor.Abração.
Parabéns pela iniciativa de divulgar a boa música brasileira. Sou pesquisador e ganhei mais um lugar para
ResponderExcluirobter as informações que me são úteis. Não conhecia o FORROBODÓ. Gostei principalmente pela boa
interpretação do pernambucano LENINE.
WALTER JORGE DE FREITAS
PESQUEIRA-PE.
Walter, muito obrigado pelo motivador elogio. Tomara que meus artigos o ajudem a descobrir as pérolas que você procura.
ExcluirA Chiquinha trabalhou durante muitos anos para o teatro de revista que lhe garantia o sustento. Os autores escreviam a peça, geralmente operetas, e ela escrevia as partituras das músicas. Foram 77 peças teatrais musicadas por ela.
Grato pela visita e seja um seguidor do blogue u remeta-me o seu -email para que eu o avise das atualizações.
Abração
Olá Cláudio,
ResponderExcluirSou produtora e há tempos penso em produzir um tributo a CGonzaga.
Tb sou apaixonata pelas linhas musicais dela.
Como não conheço todo acervo cantando, vc saberia me informar qtas peças dela, além de Lua Branca é cantando?
Saudações musicais,
Lana
Lana, uma visita ilustre assim como a sua gabarita o blogue. Muito grato.
ExcluirA ideia de fazer um tributo a Chiquinha Gonzaga é fantática. É imprscindível que vc. visite o acervo digital dela , organizado pelo pessoal do Instituto Moreira Sales, que é extremamente rico em partituras, várias delas em canto. Anote o endereço: http://www.chiquinhagonzaga.com/acervo/
Volte sempre e no que eu puder dar uma força, conte comigo. Remeta outra mensagem pra mim no cpcaldas@gmail.com,se quiser deixar o seu e-mail de contato.
Abraços
Lana,
ExcluirOlha só o que achei...perfeito pra vc.: http://www.youtube.com/watch?v=zmuecf6Eu8k&playnext=1&list=PLBE8F66F1B6A791F7&feature=results_main
São 26 peças em canto...abração
Parabéns Caríssimo Claudio Caldas
ResponderExcluirGrandes Herois e Heroínas da historia ficam obscuros sobre o "AR", da midia. Valeu demais o texto sobre este icone da revolução da musica, cultura e arte Brasileira.
Sempre fico super feliz cada vez que um anônimo faz algum comentário. Recebo os elogios na mesma humildade de quem os faz, de forma anônima. Agradeço muito a participação e reafirmo que é motivação pra seguir esta rua de informação e incentivo a escuta e leitura sobre o samba e o choro. Se quiser deixe seu e-mail pra ser avisado das próximas atualizações. Grato e um abraço carinhoso!
ResponderExcluirE dizer que, na época, o maxixe "Corta-Jaca" era considerado indecente. Aliás, todos os maxixes. Interessante ver uma canção da Chiquinha chamada "Forrobodó", palavra que deu origem a "forró", por abreviação, é que é português legítimo, de origem galega, com posíveis raízes remotas no Languedoc. Nada daquela "etimologia" imaginosa e totalmente errada do "for all", que teria acontecido na II Guerra. Já no tempo da Chiquinha (morta em 1937) forrobodó e forró eram um baile popular que geralmente terminava em briga. Como os funks de hoje.
ResponderExcluirMESTRE Caldas, novamente só tenho a agradecer essas "aulas" que prá mim, que estou iniciando na música, são de um estímulo imenso.
ResponderExcluirGRANDE abraço irmão.
Vermelho,
ExcluirQue bom que o blogue motiva vc...aproveita e joga tudo na gaita que o seu talento é pra ser desenvolvido. Grato pelas palavras e pela visita. Abração