Tenho a sorte de ter leitores e amigos ligados no que escrevo. Vira e mexe recebo a colaboração de alguns de vocês, o que só enriquece e ajuda o blogue. Na última postagem, um dos meu leitores mais ilustres, nada menos que o Barão do Pandeiro, me escreveu registrando que o LP "Vibrações" não tinha sido o primeiro do grupo. E ele tem toda a razão e é hora de eu corrigir a informação. O conjunto "Época de Ouro" foi organizado por Jacob em 1966 e gravou o LP "Vibrações" em 1967. Acontece que antes, já tinha acompanhado o Jacob em dois LPs, que foram "Chorinhos e Chorões" de 1961 e "Primas e Bordões", de 1962, sem que fossem identificados no disco, como o Conjunto Época de Ouro. Mas eram os mesmos excelentes instrumentistas de choro, tendo o nosso Jacob como solista em seu bondolim.
Separei, do LP "Chorinhos e Chorões", duas faixas pra gente ouvir aqui. Uma mostra o exímio instrumentista em "Proezas do Solon" de Pixinguinha e Benedito Lacerda e a outra, além do instrumentista, percebe-se o quanto genial era o Jacob compositor, com "Santa Morena", peça que parece música espanhola, mas é bem brazuca.
Do outro LP, o "Primas e Bordões", convido vocês a curtirem "O voo da mosca", do Jacob também. No meio da peça a gente já começa a procurar por onde estará a tal mosca.
Um dos trabalhos mais bacanas de Jacob do Bandolim foi realizado em conjunto, não só com o "Época de Ouro", mas também com o Zimbo Trio e a Divina Elizeth Cardoso. Trata-se de um projeto de Ricardo Cravo Albim, na época diretor do Museu da Imagem e do Som, que levou para o Teatro João Caetano, no Rio, em 1968, numa noite de muita chuva, um público que aplaudiu extasiado as belíssimas interpretações, felizmente gravado ao vivo e lançado em dois LPs, que viraram um dos maiores clássicos da MPB. Jacob, que havia descoberto Elizeth em 1936, dividia o palco e acompanhava a grande cantora em canções como "Lamento", de Pixinguinha, agora com letra de Vinícius de Moraes. Ouçamos um trecho deste histórico disco:
Para finalizar e pra gente não esquecer o humor do genial Jacob, reproduzo uma história narrada pelo próprio Ricardo Cravo Albim que, numa reunião do Conselho de Música Popular, convidou-o a fazer parte da mesa como secretário-geral do encontro. Jacob envergava uma camisa listrada bem italiana, e Ricardo apresentou-o da seguinte forma ao microfone: “E agora, senhores, diretamente de Veneza, o gondoleiro Jacob del Mandolino!”. Foi o bastante pra Jacob pegar o microfone e discursar de forma irada, reafirmando que ele se orgulhava de só tocar sambas e chorinhos; que se considerava ainda mais nacionalista que o Ary Barroso; e, finalmente, ele até preferia que o chamassem de Zezinho ou Mané do Bandolim em vez do hebraico Jacob. O que tinha de genial tinha de pavio curto...
Até a próxima e um super abraço moçada!